segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O primeiro retorno

Depois de todo o passeio, de muito curtir, o sol, a praia, a feira hippie de Ipanema, chegou a hora de refazer os exames. Como evitar a taquicardia que antecede cada consulta ou coleta de sangue? Como manter o sangue frio ao entrar na salinha escura do ultrassom? Pegar guias, aguardar na sala de espera, receber e abrir resultados... Só mesmo acreditando que a cura é possível e verdadeira. Felizmente boas noticias, está tudo bem, fora o bracinho que esta encurtado. Mesmo assim nada de baixar a guarda, em 3 meses repete-se tudo e mais uma vez a espera. Ainda carrego comigo o portocath, tenho que marcar um horário para retirá-lo, o quanto antes melhor. O ano esta quase acabando, mas os planos continuam, mais leitura, novos restaurantes, curso na igreja, cultivar os amigos, ter paciência com a família....um novo Blog....uma nova viagem....Muita vida pra se buscar, muita vida pra se viver, muito pra agradecer a Deus. Por fim vive-se um dia de cada vez, como os freqüentadores do AA, agrademos por estar longe da doença dia após dia. Na piscina ponho mais metros ao final de uma aula e já computo 1800 metros, o plano é este: querer mais e melhor. Vida com qualidade, vida feliz ao lado das pessoas que são importantes, poder dar testemunho, compartilhar as benções e seguir em frente. Encarar os retornos sem medo e adicionar mais metros na piscina. Ainda tem a unha que não recuperou de tudo, o cabelinho encaracolado, um pouco de formigamento na ponta dos dedos ainda resultados da quimio branca, as cicatrizes que vão ficar pra fazer parte da historia. A menopausa que agora ficou de vez e faz com as noites sejam longas, mas depois da noite sempre existe o amanhecer da cada novo desafio com a certeza interior  que podemos ser vitoriosos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Rio de Janeiro – Canadá , estou com saudade

No mês de julho recebi uma visita querida. Minha amiga/irma canadense veio conhecer o Brasil. Melhor começar pelo nosso encontro em 2005, quando fui ao Canadá pela primeira vez. Arrumei um estagio em neonatologia na Universidade de Alberta através de um colega brasileiro, outro amigo muito querido. Liberada da UNICAMP, visto aprovado, alguns dólares na bolsa, procurei um bom lugar pra ficar por um mês. Através da internet fiz uma busca atrás de um B&B. Pode-se pensar bom e barato, mas na verdade significa Bed and Breakfast. Trata-se de um tipo de hospedagem muito comum no hemisfério norte para estadias curtas de final de semana. Na maioria das vezes são acomodações em casa de família, que servem como fonte complementar de renda,  quando os filhos saem de casa deixando quartos e pais desocupados. São  quartos bem acolhedores, acompanhados por um café da manha reforçado, entenda-se ovos, bacon, panquecas e mapple.......com um preço acessível. Achei umas opções interessantes na internet e liguei pra acertar uma estadia prolongada negociando um preço melhor. Achei o Maggie’s home. Fui recebida com muito carinho por Maggie, Ron (o marido) e Oliver o cachorro mais doce que conheci. Rapidamente descobrimos muitas coisas em comum e a amizade nos conectou para sempre, apesar dos muitos quilômetros de terra que havia entre quando do meu retorno ao Brasil. Foi esta querida amiga que muitas vezes me socorreu e ajudou quando me mudei pro Canadá. Pois bem, ela juntou as milhas, muitas delas, e veio pra uma visita de 3 semanas. Fiz e refiz vários roteiros tentado contemplar praia, montanha e cidade. Tudo com muito jeito pois não consegui me livrar de todas as minhas atividades de trabalho. Assim sendo um final de semana em São Sebastião, com direito a Maresias e um dia na Ilha Bela. Uma visitinha a São Jose dos Campos, um dia em Campos de Jordão e depois seguimos pro Rio de Janeiro. Fomos abençoadas por dias maravilhosos, muito sol e passeios deliciosos. Cristo Redentor, Pão de Açúcar, balada na Lapa, compras em Ipanema... Logicamente  saídas noturnas pra rever outras amigas, tempo pra velhas lembranças da época da faculdade. Como foi bom revê-las, colocar o papo em dia, reaquecer amizades tão queridas. Nem preciso dizer que ela adorou, e eu também. Ela me fez ver a cidade de forma diferente e reatar um amor de anos com a Cidade Maravilhosa. Para as minhas super amigas de faculdade uma promessa, Rio de Janeiro pelo menos uma vez ao ano. Gostaria de encontrar minha irma canadense também com freqüência, mas isso a gente vai ver como fazer.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Queria ser um peixe…

De volta a academia, desta vez escolhi a Formula, o horário das atividades de alongamento e a grade mais solta pra nadar fizeram a grande diferença. Mas tenho que confessar que fiquei com saudade da CIA Atlética e do charmoso shopping Galleria. Mochila pronta, touca, óculos, maio um pouco larguinho (a lycra cedeu, hihihi)  me joguei cheia de vontade na piscina. Não deu pra me afogar, tentei relaxar o máximo na água morninha e soltar o braço num comprido alongamento. Meu braço esquerdo esta travado depois da cirurgia e da radioterapia, o encurtamento se faz perceber em qualquer estilo, os movimentos ficaram restritos e é melhor não  forçar a barra. Não é somente o braço que esta fora de forma, o coração também precisa de um tempo, nada, para, descansa e segue novamente. Completei 900 metros, deixei o cansaço me tomar, voltei pra casa calma e com vontade de mais metros, mais adrenalina. Dia seguinte me arrisquei numa aula de boxe, foi brutal. Um tanto de pular corda, outro tanto de correr e por fim golpes no vazio. Serviu pra jogar energia e estresse fora, fiquei exausta e dolorida, não sei se volto; talvez sim.  A programação das aulas é bem variada e ainda falta tentar as  modalidades de hidroginástica, pilates e bio sei la mais que.... Quero ainda conciliar dança, conversação e muitas saídas com os amigos. Não posso esquecer das reuniões de quarta feira na célula da igreja, recarregar as baterias da alma e me fartar de tanto nadar nas águas que vem do Senhor. Harmonizar, este é o segredo, este é o plano.

domingo, 18 de julho de 2010

A emoção de um levantar de sobrancelhas

Julho, mês de ferias. Já tinha tudo planejado e ai o Bono me deu o cano. Mas com as passagens compradas, os vistos aprovados fomos pro Canadá mesmo assim. Recebi o email avisando do cancelamento da turnê do U2, meus tickets continuariam válidos pro ano que vem. O que faria com os planos deste ano? Uma viagem de retorno pra reencontrar amigos, acertar as coisas com o imposto de renda canadense e curtir um pouco do verão na pradarias de Alberta. Com a mudança de planos resolvemos passar uns dias em Toronto, além de curtir os jogos da Copa do Mundo com amigos de outra nacionalidade. Chegamos em Edmonton  e não deu pra não sentir que estávamos novamente em casa. No caminho pra casa da Lili paramos no Save on foods e nos regalamos com as variedades das comidas de tudo quanto é canto, disponível nas gôndolas do supermercado. Achei e comprei varias opções de alimentos a base de soja, orgânicos, além de framboesas frescas. Foi bom admitir que tinha excelentes lembranças do Canadá, o fato de ter ficado doente não tinha a ver com o lugar, foi muito bom sentir isso. Talvez a falta de vitamina D tenha contribuído, mas isso não é tudo. Minha filha estava muito feliz e foi procurar as amigas na antiga escola. Eu fui ao hospital, precisava encontrar algumas pessoas pra dar seguimento a minha pesquisa do ano anterior. Passado um ano bateu uma saudade da UTI neonatal do Stollery, um reconhecido serviço  de ponta. Estavam todos envolvidos em suas atividades, como sempre vários pacientes complicados,  muitos me viram e agiram como se o tempo não tivesse passado, era apenas uma conhecida dando as caras fora de hora, outros mais emocionados levantaram suas sobrancelhas em sinal de espanto pela minha presença, afinal o que eu estava fazendo por ali? Decididamente eles tem dificuldades em lidar com as emoções. Os amigos, aqueles com quem saia pra beber, aqueles das noites de plantão acordada e  conversas engraçadas, estes ficaram mais alegrinhos e se soltaram em um abraço. Aproveitamos o tempo mais quente pra tomar sorvete e jogar conversa fora. Fui jantar com outros, cineminha final de tarde, passear pela feira com uns e por fim refazer o laço que liga pessoas diferentes naquilo que chamamos amizade. Foi um tempo de compras, de trabalho, de prazeres simples e reencontro. Em Toronto um pouco de turismo e um passeio de índio pelos EUA, uma visita mal planejada a Blue Lake Mountain que fica pra outro post. Não deu pra visitar Niágara Falls, ficou faltando também o show do U2. Outra  viagem quem sabe? Quando cheguei ao Brasil tive que descansar das férias, retornar ao trabalho. Muito pra fazer, retomar o estudo bíblico, marcar consulta pra reavaliação e retorno a academia estão na pauta. O inverno brasileiro promete.

terça-feira, 15 de junho de 2010

INVICTUS de Willian Henley

"Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.


Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.


Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.


Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma."

Um novo corte de cabelo

Dias atrás fui ao cabeleireiro, finalmente chegou a hora de dar um trato no cabelo, uma nova cor, um corte. Na cadeira do salão, dei de cara com meu reflexo no espelho, uma imagem distante, diferente, colorida, viva, mas de certa forma uma imagem desconhecida, uma outra pessoa. A farta  cabeleira ruiva que me conferiam uma identidade irreverente deixara espaço para um  grisalho indefinido. Um ar de senhora que não combina nada comigo. Tenho reparado que varias ondas estão se formando na minha cabeça, vindo a  confirmar a historia de que apos a quimio e a carequice, o cabelo retorna rebelde e encaracolado.  Muitos amigos me incentivaram a manter o cabelo curtíssimo e grisalho, mas ainda não é meu tempo pra isso. Ainda não me sinto a vontade com os  residentes me chamando por senhora. Não posso negar que o tempo passa pra mim como pra qualquer outro mortal, mas quero sentir o cabelo entre os dedos, ousar num penteado curtir um simples rabo de cavalo, me sentir mais jovem. Escolhi uma cor discreta, um corte sem firulas, ficou bom. Ainda volto pro vermelho, mas não agora. Não estou brigando com os cachos, vou dar espaço pra eles, usar um creme pra melhor defini-los. Não dá pra imaginar que serei a mesma depois de tudo.  Não quero ser a mesma depois de tudo. Além dos cachos, o meu novo eu também esta buscando seu espaço, seu lugar. Esta buscando definição pra compor uma pessoa melhor. Cair pra levantar. Se entregar, para receber. Rasgar o coração pra curar as feridas e abrir novos caminhos. Renovar-se. Seguir em frente e sair pro abraço. Agradeço a todos de coração, sem o apoio da família e dos amigos e sem mão caridosa do Pai eu não teria suportado.

domingo, 13 de junho de 2010

Texto muito bom, desconheço o autor

Tem sempre presente que a pele se enruga, que o cabelo se torna branco, que os dias se convertem em anos, mas o mais importante não muda!
Tua força interior e tuas convicções não têm idade.
Teu espírito é o espanador de qualquer teia de aranha.
Atrás de cada linha de chegada há uma de partida.
Atrás de cada trunfo há outro desafio.
Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo.
Se sentes saudades do que fazias, torna a fazê-lo.
Não vivas de fotografias amareladas.
Continua, apesar de todos esperarem que abandones.
Não deixes que se enferruje o ferro que há em ti.
Faz com que, em lugar de pena, te respeitem.
Quando pelos anos não consigas correr… trota.
Quando não possas trotar… caminha.
Quando não possas caminhar… usa bengala.
Mas nunca te detenhas!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ordinary people – Pessoa comum

Faz tempo que não escrevo alguma coisa, nem posso dizer que é por falta de tempo, não é o caso. Apenas retornei a rotina, felizmente a radioterapia terminou e as idas a clínica onde fiz meu tratamento ficaram por conta dos retornos de seguimento. De saldo da radio ganhei um bronzeado intenso na região do seio esquerdo e ombro. Agora que os cremes foram liberados tenho usado um tanto de hidratante pra minimizar o ressecamento e coceira na pele. Além disso, muito filtro solar pra proteger e evitar manchas. No mais tenho me sentido comum, ordinária, simples. Acordo cedo, vou pro Hospital, volto pro almoço, levo filha pra lá e pra cá, reunião pra estudo bíblico e alguns plantões e aí tá na hora de dormir e recomeçar. Fazia uma data que não ia a um salão. As unhas ainda mostram os sinais da quimio, ressecadas e com uma banda esbranquiçada na ponta, tratei logo de colocar um vermelho bem forte pra disfarçar. Aproveitei também pra depilar, os pelos voltaram com forca total, sinal que minha herança ítalo hispânica ainda está fortemente marcada no meu DNA. Estou até considerando a depilação a laser que dura mais e dói menos. Não, ainda não estou reclamando, muito bom voltar a rotina de pessoa comum, organizar o cardápio da semana, ir ao supermercado, tentar marcar as férias em julho, bla, bla, bla. Sei que muito em  breve esta rotina vai ser novamente motivo de reclamação, mas é bom ver o curso da vida se iniciando a cada novo amanhecer e manter  a fé e a esperança por dias sempre melhores. Sei que depois de tudo que aconteceu, eu me sinto fortalecida e otimista pois sei de onde isto tudo vem. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura” (2 Co 5:17). E esta nova criatura que passou por varias mudanças fisicas e emocionais ainda esta em transformação . O cabelo esta bem curto e cinza, a dieta anda assim meio alternativa, mudei isto e aquilo e ainda tem outras coisitas pra melhorar. Nessa linha de mudanças acabei de ler um email sobre o mal de Alzheimer. Algumas análises sugerem que devemos propor mudanças no dia a dia  pra não deixar o cerébro enferrujar. Dentre os exercicios cerebrais incluimos as palavras cruzadas, os jogos, a leitura, mudar o caminho pro trabalho, vale ate andar de costas. Ou seja devemos mudar a rotina. Do mesmo modo não devemos deixar nosso coração enferrujar, nem o músculo que bombeia o sangue pelo corpo, nem aquele onde carregamos os sentimentos. Exercitar os músculos pra fortalecer o primeiro e exercitar caridade, perdão e misericordia pra outro.
Então gente comum como eu, mãos a obra, juntemos um pouco de esforço e algo de boa vontade, e coloquemos cérebro e coração pra malhar e seremos  os velhinhos sarados do futuro.

"Que a estrada se abra a sua frente.
Que o vento sopre levemente às suas costas.
Que o sol brilhe morno e suave em sua face.
Que a chuva caia de mansinho em seus campos.
E até que nos encontremos de novo, que
Deus lhe guarde na palma de suas mãos"

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Encostada no INPS

Pois bem achei que a novela México/brasileiro havia acabado. Naneninanão....
Assim que meu médico me liberou pro trabalho, lá fui eu enfrentar o INPS pela enézima vez. Só de lembrar tenho taquicardia. Mas pensei que desta fez seria simples, afinal de contas estava solicitando o meu retorno ao trabalho e com isso voltaria a folha de pagamento, que resumidamente me tiraria da situação de encostada no INPS. Mas com esta previdência, nada é muito simples. Tenho pra mim o INPS como encosto e um encosto daqueles complicados. Mas a fé é maior e a gente encara confiante. Pode ser que eu esteja exagerando, afinal as filas que invadiam a madrugada, as vendas de lugar e algumas outras atrocidades ficaram pra trás. Mas o ranço da burocracia encruado neste serviço, volta e meia se faz presente como no dia em que tive que ficar por duas horas esperando pra trocar de endereço de correspondência, isso porque na época eu ainda estava em quimioterapia, então pude pegar a senha do atendimento prioritário. Sempre assim, a média da espera mesmo pra assuntos simples é de no mínimo uma hora, o máximo deve variar conforme a tolerância do cristão. Já sai de lá bufando após duas horas e quarenta minutos sem ser atendida (para um pedido de alta).  Tem também os guardas na entrada da agencia que fazem a triagem das pessoas e tentam organizar os mancos pra cá, os carecas pra lá e toda sorte de doentes que despencam atrás dos benefícios. Por várias vezes me deram informações erradas com as quais gastei muito tempo. Estes guardas são de uma delicadeza espantosa, só faltam rosnar, anotando em suas pranchetas nomes, abrindo bolsas e checando para que nenhuma arma entre na unidade. Com certeza eles sabem o quanto as pessoas ficam bravas e quão grande é o risco de agressão para todos os que trabalham ali. Pois bem, achei que finalmente estava livre disto. Dei entrada nos papeis na UNICAMP, RH, avaliação medica, novamente na ativa. Chegou o inicio do mês e ainda tinha o dindim referente ao último beneficio do encosto do INPS. Chequei o extrato da previdência, o beneficio estava disponível  a partir da data tal (semana passada), mas na real o que extrato bancário mostrava era a graninha que eu não havia sacado, nada do dinheiro este mês. Liguei no 135 da previdência, serviço que as vezes funciona de forma muito boa, outras vezes a gente fica ligando e nada de resolver. A atendente me informou que eles haviam me pagado a mais e por isso suspenderam o meu pagamento deste mês. Não fazia sentido, então perguntei de que forma me pagaram a mais se não entrou dinheiro e ela tornou a repetir a mesma resposta. Por fim entendi que o cálculo foi a mais por dois dias pois dei entrada na solicitação de alta no dia 29. Pra não me pagar a mais, o que seria um total desastre pros cofres públicos, o meu pagamento foi bloqueado. Nada de rever  ou refazer as contas pra  liberar o pagamento. Muito mais fácil não pagar e esperar que a tonta que decidiu voltar antes pro batente reclamar. Assim terei que  solicitar pessoalmente o desbloqueio na agência do INPS, passar pela triagem dos guardas, pegar fila da senha e aguardar boas horas sem nem imaginar quando dinheiro vai chegar. Que dureza, mais um dia perdido, tenho que lembrar de levar um livro, o Ipod e um lanchinho pra sobreviver a mais uma ida ao INPS. Mas desta vez  espero que meu Deus me livre em definitivo deste encosto. 

sábado, 3 de abril de 2010

Radiante ou radioativa


Finalmente iniciei a radioterapia, com marcações em caneta preta no seio e tórax. Me lembrei novamente das guerreiras amazonas, parece que estou me preparando com pinturas de guerra, isto me faz lembrar que a luta ainda continua, mas agora enxergo uma margem de vitoria. Estou preparada pra esta ultima fase do tratamento. Passado o stress do posicionamento que aparentemente só aconteceu comigo, acertei o horário para as sessões de radioterapia. Quinze minutos diários e pronto. Tira-se a parte da roupa, deita-se na maca e um aparelho futurista emite sons agudos com uma luz verde de fundo em movimentos simetricamente calculados. Sabe aqueles filmes de ficção cientifica, pois bem fico imaginando a hora em que  vou ser partida ao meio com perfeição aritmética , zimmmm. Felizmente estes devaneios duram pouco. Logo me levanto e pra relaxar vou dar uma andada pela lagoa do Taquaral. Os dias ainda seguem bonitos, não estão tão quentes, e meia hora de exercício ao ar livre me faz bem. Da aplicação da radioterapia sinto apenas um enjôo leve que logo passa. Uma quenturinha no seio e áreas próximas, a pele mais seca e um pouco mais escura e nada mais. Nem mesmo o cansaço referido por algumas mulheres esta presente. Desta forma reinicio minhas atividades no consultório, meus plantões no berçário. Que bom estar de volta ao trabalho. O paladar também voltou ao normal, tenho lutado bravamente contra a vontade de comer doces, mas a páscoa esta ai e o chocolate representa uma tentação .....Continuo investindo no natureba, o peso esta bom (um pouco abaixo) e logo porei músculos nesses ossinhos ambulantes. Estou recuperando o fôlego, o lugar, o prumo. Radiante com certeza, radioativa nem tanto.....
 

segunda-feira, 29 de março de 2010

Eu e uma certa Madame Curie

Gostaria de pensar que outros fatos me fizeram lembrar de Madame Curie, que tal pensar numa mulher que ganhou por duas vezes o premio Nobel primeira vez em Física e depois em Química. Uma verdadeira sumidade. Mas foi o meu tratamento de radioterapia que surgiu  de sua pesquisa e descoberta em radioatividade e que me remeteram a busca de mais informações. Seus trabalhos para avaliar os fenômenos da radiação com o Radium 226 deram início a aplicabilidade de materiais radioativos no tratamento de tumores malignos. Muito mudou desde a época dos trabalhos de Madame Curie  principalmente com a dosificação da irradiação para se obter o melhor efeito curativo com menores complicações durante o tratamento. A radiação visa bloquear e destruir as células malignas, pondo um fim no processo iniciado na quimioterapia. Ouvi vários relatos de mulheres que passaram tranquilamente pela radioterapia. Mas uma coisa me incomodava, era tranqüilo mesmo ou qualquer coisa após a quimio soava simplesmente fácil...
Novamente o fato de ser médica não me ajudou em nada, tudo a kms de distancia da minha área de atuação. Procurei na internet relatos leigos sobre o assunto e fui conhecer o radioterapeuta que iria tomar conta de mim nesta ultima fase do tratamento. Já conto atualmente com 4 médicos a tomar conta de mim, uma verdadeira junta de profissionais extremamente qualificados....
A conversa foi tranqüila e fui fazer os exames pra marcação das áreas que seriam irradiadas.  Estava ansiosa pra iniciar o tratamento, na verdade ansiava mesmo pelo fim dele considerando etapas vencidas. Na tomografia riscaram meu corpo e as marcas de canetinhas com desenhos desestruturados pareciam uma indecifrável tatuagem. Após 30 minutos em posição senti uma dor horrível no pescoço, tentei negociar sem sucesso e sai com parte do couro cabeludo e a orelha esquerda formigando. No dia seguinte fui realizar outra avaliação antes das sessões de irradiação para assegurar que as marcações estavam corretas. Novamente no posicionamento a dor no pescoço. Passados alguns minutos não conseguia mais pensar e uma irritação tremenda foi me tomando juntamente com o formigamento de parte da cabeça. Algo parecia muito errado. Reclamei com os técnicos e tive que ouvir a ladainha de que era assim mesmo, um desconforto e nada mais. Incrível como as pessoas subestimam o que os outros sentem. Pimenta no olho do outro é tão somente refresco. Sai de lá chorando e emputecida diante da minha impotência. Por mais que não quisesse incomodar o radioterapeuta com uma possível bobagem, já que ninguém jamais se sentiu tão mal, precisava  falar sobre a dor que senti e ver o que poderia ser feito.  Imagino que no primeiro dia da marcação, o meu pescoço ficou em posição de hiperextensao por um tempo longo, pode ser que ter comprimido estruturas do pescoço de forma inadequada. Como ficar numa posição que me causava uma dor horrível durante 25 dias. Ia ser um tormento.... Felizmente meu médico não só me ouviu como se prontificou em me posicionar para o tratamento que iniciaria apos o final de semana. Nada de pescoço super esticado como girafa se alimentando e pronto, nada de dor horrorosa. Por fim fica o recado, já é uma barra ter que passar por todo o tratamento, não quero ouvir que é assim mesmo,  de quem nunca passou por coisa semelhante, se não estou me sentindo segura e confortável vou compartilhar e esclarecer as coisas. E assim dei as mãos a Madame Curie e iniciei a radioterapia. 

quinta-feira, 18 de março de 2010

E o Oscar foi para Sandra Bullock

Este ano resolvi assistir a festa da premiação de Hollywood. Pra agüentar até o fim, me vali da tecla SAP e deixei os comentários chatérrimos do R. Ewald Filho de lado. Agüentar as piadinhas em inglês já é um trabalho árduo, traduzidas então são de matar. Ainda não assisti a todos os filmes concorrentes e vou logo avisando que muito provavelmente não me darei ao trabalho de ver o vencedor da noite. Da longa lista de filmes de 2009, assisti Avatar. Esperava algo diferente, sei lá, algo além dos efeitos especiais, mas a historia ficou muito new age e foi difícil ficar quieta por tanto tempo acompanhando pessoas azuis numa historinha manjada. Gostei do Julia e Julie. Havia lido o livro que é muito bom e que me incentivou a escrever um Blog. A interpretação de Meryl Streep como sempre foi fantástica. Sandra Bullock só levou a estatueta porque ficaria chato a Meryl receber seu quarto Oscar. Pois é assim que funciona, a bola da vez leva o premio mesmo não sendo a melhor. Nem sempre recebemos o que merecemos. E esta semana assisti outro filme que novamente indicaria Meryl Streep ao Oscar. Simplesmente complicado é uma comédia deliciosa, nem esperava muito, mas dei boas gargalhadas e sai leve do cinema. Cinemófila sem carteririnha, adoro uma telona... Por este motivo,  dentre as resoluções do ano incluí não assistir a filmes com pessoas doentes e deprimidas, muito menos os de violência desmedida. Aquele da menina com câncer nem chego perto, mas não deu pra evitar o trailer, que rendeu lágrimas e uma tristezinha doída. Tô evitando os dramalhões e buscando as comédias românticas, ao estilo sessão da tarde. Mas não dispenso os filmes Cult; franceses de preferência  ou outros de qualquer nacionalidade. Assim, juntamente com projetos terapêuticos, achei um tempo pra  diversão, rir faz bem e ponto.  Sair com os amigos, jogar conversa fora, passar batom, perfume, cuidar de se cuidar e não pensar apenas nos exames que estão por vir, nos efeitos  indesejáveis dos medicamentos, no que mais tiver pela frente....Enfim relaxar! Depois do final de semana, começar de novo.
Segunda feira inicio uma nova etapa do tratamento: a radioterapia, por conta dela terei meu corpo tatuado em pontos estratégicos. Já conversei com o médico responsável, ele me garantiu que vai ser tranqüilo, com isto poderei voltar ao trabalho, quem sabe a academia também. E após tudo terminado relaxar pra valer.

quinta-feira, 11 de março de 2010

A difícil missão da Mulher Claudia

Semana que vem volto pro trabalho, chega de folga.  Acordar cedo,  coordenar o almoço, pagar as contas,  bla, bla, bla, buscar filha no inglês, estudar, mais bla, bla, bla .... um horário pra ginástica e o dia chega ao fim. Sem pressão, afinal esta é a rotina de muitas mulheres que conheço. Difícil mesmo é fazer tudo o que se espera de nos, mulheres donas de nosso próprio nariz e ainda querer que  estejamos com as roupas da moda, com cabelos maravilhosos,  em dia com as noticias, política, com tempo pros amigos, bichos de estimacao  e ainda que pratiquemos com destreza o kamasutra,  tudo com muito gás e bom humor. Será que esta mulher é real? Sei que muitas realmente tentam lidar com este desafio. Porém duvido que alguma consiga. O problema é que fantasma desta mulher multicoisas fica perseguindo as pobres mortais e suas agendas lotadas. Nossa, nem comecei e já estou reclamando. Mas o que nos faz levar pelo fantasma da mulher Claudia? Como qualquer ser humano devemos nos permitir um tempo de preguiça, algo que vai esperar até amanha sem culpas, como a unha que começa a descascar e aguarda um horário na manicure. Mas quem nos cobra tudo isto senão nos mesmas, numa competição com os anos, com as outras.... Pois bem, quero ficar fora disso, ou pelo menos tentar. Quero me livrar desta tirania que inconscientemente me impus. Organizar as coisas pra ter tempo pro que é realmente importante. Tempo pros relacionamentos, familiares, de amizade e principalmente com Deus. Tempo pra buscar, se alegrar e agradecer. Tempo pra fazer nada e tempo pra renovar as energias e as esperanças. Deixa pra la o modelo mulher Claudia, afinal são tantas Marias, Anas, Paulas, Leticias que carregam seus sonhos, batalham seu lugar ao sol com coragem e integridade. Quanto de inspiração podemos ver em modelos mais próximos da realidade. Pois bem, vou me programar pra levantar minha cabeça e reorganizar os meus dias com menos preocupação. Deixar de lado os rigorosos padrões Claudia e me ocupar de um tempo especial dedicado a mim, me fortalecer e ir a luta. Tudo isso  sem esquecer do filtro solar. 

sexta-feira, 5 de março de 2010

Chef em casa ou Pilotando o fogão

Não tenham dúvida, cozinhar é uma ciência onde aplicamos princípios de matemática, química, física. Um bolo pode literalmente se transformar em uma obra de arte ou virar uma bomba conforme a receita. Cabe porém uma ressalva, para alguns basta o contato com os ingredientes e algo de intuição e pronto, surge um jantar maravilhoso. Não é o meu caso, por isso  tenho sempre a mão meu caderno de receitas. Comecei cedo a colecionar receitas diversas. A escolha era mais pela cara, tipo aquelas chiques e interessantes com nomes complicados (Dacquoise e pêra ao vilnho tinto), recortava as receitas de revistas femininas, jornais, embalagens de amido de milho, leite condensado, coisas do tipo. Mas seu destino acabava sendo tão somente enfeitar o caderno, quase nunca me aventurava no fogão. A cozinha já tinha um senhor (ou melhor uma senhora). Mas, de quando em vez uma sobremesa ganhava forma. Minha mãe a grande cozinheira da casa, não curtia a parte doce do menu e ai eu arriscava um prato solo. Com um pouco mais de experiência acabei fazendo uma seleção das receitas baseada na praticidade e resultados. Porem o destino do caderno era a gaveta exceto por um evento (Natal) ou outro em que a sobremesa era solicitada. Na época de faculdade, morando sozinha, resolvi arriscar uns pratos salgados pra fazer frente a minha mãe. Quando a coisa apertava recorria ao telefone e tirava  minhas duvidas com a “chef ” da casa. Por fim aprendi a me virar, desde do trivial  até os pratos sofisticados  que usava pra impressionar os namorados, as receitas do caderno foram tomando forma e sabor. No Canadá o caderno viveu seu apogeu, sem ajudantes e sem querer me empanturrar de fast food fui acrescentando novas receitas e adaptando outras as necessidades da família. De volta ao Brasil novos desafios, outras necessidades, novas receitas. Minha proposta atual é de uma dieta alternativa, próxima a vegetariana, sem leite, com pouco doce, mas que ainda tolera um pouco de carne. Tenho tentado coisas diferentes cujo sabor e aparência assustam. E ai quando dou por mim, estou atropelando a pizza, derrapando na manteiga e sonhando com o sorvete de chocolate com cobertura. Enquanto tento controlar este monstro insano chamado apetite, vou incorporando novos ingredientes e receitas que testo com carinho e dedicação. Dia desses provei um kibe vegetariano com tofupiry, que pra minha surpresa estava delicioso. A dona da loja de comida vegetariana congelada me passou a receita do tofupiry. Vou tentar em casa pra ver como me saio. Trata-se de um campo novo a ser explorado. Com um pouco de treino vou me lançar no mercado vegetariano, hahaha. Me aguardem!

segunda-feira, 1 de março de 2010

O testemunho

Entrega e confia Nele, o mais Ele fará.
Minha jornada contra o câncer começou em julho do ano passado. Não tem sido fácil, mas agradeço ao Pai por me conduzir pelo vale e fortalecer a minha alma. Desde do inicio soube que não estaria sozinha, em vários momentos  através do Salmo 23 recebi a confirmação  do compromisso Dele comigo em me mostrar a direção e dar a coragem necessária pra ultrapassar o deserto. O vale significou o tempo difícil, mas entendi  que seria uma fase. A mensagem que recebi era clara, siga em frente que estou contigo. Isto me deu tranqüilidade pra enfrentar as dificuldades. Não poder trabalhar, os efeitos da quimio, convenio que não queria autorizar parte do tratamento, entre outros... Mas confiar minhas dificuldades a ELE permitiu com que eu caminhasse sem medo.  Me abriu os olhos pra tantas coisas boas que estavam acontecendo ao meu redor. Estar de volta em casa, a minha família unida, as finanças sob controle e muitos amigos queridos ao meu redor me apoiando e ajudando em tudo que precisei. Também ganhei uma família nova em Cristo que se desdobrou em cuidados. São experiências como estas que me fizeram refletir sobre o meu papel neste mundo, minhas crenças e objetivos. Sou otimista do tipo que sempre procura o lado bom das coisas mesmo perante as adversidades e  sei que continuarei assim. Mas até pra mim o resultado do meu tratamento foi mais do que esperava. Quando passei pelo cirurgião em julho do ano passado,  ficou  claro que eu teria que retirar todo a mama e fazer um esvaziamento dos gânglios da axila, esta cirurgia radical que chama-se mastectomia é parte importante do tratamento. Porem apos 6 meses de tratamento foi possível retirar somente parte da mama numa cirurgia de proporção muito menor quando comparada a mastectomia e por isso considero um presente de Deus. Não basta desejar o milagre, antes de tudo temos que crer Nele. Temos que aceitar o desafio de caminhar de olhos fechados andando pela Fe seguindo o propósito que Ele  traçou pra nossas vidas. Deus tem um plano maravilhoso para cada um de seus filhos e para que este projeto de Deus se realize nos precisamos  deixa-lo tomar o comando, assumir a direção de nossas vidas. Eu quero que Deus trabalhe em minha vida e quero honra-lo, seguindo seus propósitos, quero louva-lo por tudo que foi realizado em minha vida e pelo que ainda vira. E se você esta passando pelo vale, por momentos difíceis saiba que em meio a todas as suas lutas e lágrimas, tem um Deus que é fiel às Suas promessas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Aquecimento global ou menopausa precoce?

Hoje as 9 da matina os termômetros já alardiavam 29 graus. Pra começo de dia esta muito quente. E ainda tem gente que acha que aquecimento global é propaganda enganosa. Com o andar do ponteiros do relógio a temperatura segue seu curso ascendente e chega facilmente nos 36 graus. Fica difícil trabalhar, comer e principalmente dormir. Se sua casa não esta equipada com ar condicionado se prepare para rolar de cá pra lá a noite toda. Não há ventilador que de conta e ai nos resta derreter juntamente com a neve polar.  Pra complicar a situação eu ainda tenho um agravante. Antes mesmo do verão chegar meu termostato andava mostrando sinais de mal funcionamento. Mesmo sabendo que a quimioterapia poderia influenciar no meu ciclo menstrual neguei o que pude mais este indesejável efeito colateral. Afinal já tinha outras chatices pra me preocupar. Mas então a coisa ficou persistente e bastou somar ondas de calor e interrupção do ciclo para perceber que se tratava de menopausa precoce. Esta alteração ocorre porque a quimioterapia leva a uma falência da produção dos hormônios ovarianos responsáveis pela menstruação. A queda brusca e acentuada dos hormônios femininos determina as ondas de calor, a irritabilidade, a insônia e os suores típicos da menopausa. Em alguns casos o quadro pode se reverter com o termino da quimio. Os ovários se recuperam e tudo volta ao seu ritmo, a menopausa pode ser esperada mas pra frente sem atropelos. Em outros casos, Inês é morta e babau, melhor correr e instalar um bom ar condicionado e guardar uma graninha pro laser do bigodinho e outros pelinhos indesejáveis. Ainda estou na expectativa, torcendo pelos meus ovários do mesmo modo que torço pela camada de ozônio e pela manutenção das geleiras polares. Nesses últimos dias tenho tido saudade do inverno canadense, da sua paisagem monotonamente branca, acho que tem feito muito calor por aqui.  

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

TGIF – Ainda bem hoje é sexta feira


Hoje ao me dirigir a UNICAMP pra uma sessão de fisioterapia, me lembrei de sair de casa as sextas feiras pela fria manha canadense e ouvir no radio uma música animada que agradecia pela chegada do final de semana. Acredito que esta expectativa se repete em vários lugares do mundo. O tão esperado final de semana significa pra alguns uma parada, descanso, dias em que podemos diminuir o ritmo. Nada mais justo do que se alegrar com a possibilidade de um chopinho com os amigos no final do dia. Um churrasco ou almoço em família, entre tantas outras coisas. Atualmente, licenciada estou vivendo um final de semana demais de prolongado. Tenho tempo pra reflexões, leitura e pra um fazer nada que aborrece. Me ocupo do jeito que posso, mas sinto falta do trabalho….Nem sempre as pessoas em tratamento de cancer ficam afastadas de suas atividades de trabalho, acredito mesmo que seja apenas uma pequena parcela que se encontre nesta situação. Não  que seja simples trabalhar depois da sessão de quimio, mas tem gente que simplesmente não pode parar….No meu caso foi mais prudente não arriscar. Baixa imunidade e ambiente hospitalar não é uma das melhores combinações. Mas agora a quimio ficou pra trás, os glóbulos brancos já se recuperaram e eu estou ansiosa pra voltar a ativa. Ainda falta um ajuste aqui, outro ali. Resultados de exames pendentes e radioterapia, mas estou bem melhor. Quero reclamar quando chegar segunda feira como o Garfield e festejar a sexta-feira. Quero a rotina de volta, me preparar pro plantão, para a falta de vagas, falta de recursos pra conduzir os casos mais graves que nem por isso deixam de chegar, questionar as cesáreas que antecedem a madrugada sem necessidade, enfim me envolver com as coisas corriqueiras que como engrenagem se ajustam e movem nossas vidas. Entretanto, enquanto a segunda não chega vou aproveitar melhor as sextas com os amigos e a família. Hoje sexta feira vou festejar a publicação do livro da Medicina Fetal. E que venha a segunda feira, estou mais que pronta pra ela.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Aprendendo a fazer fotossíntese - alimentando-se de luz

Aprendendo a fazer fotossíntese - alimentando-se de luz. Apos ampliar minha leitura sobre a relação entre leite e câncer estou convencida de que temos que reduzir seu consumo e também o de seus derivados. Que dureza!!! Existe uma briga boa entre as pesquisas cientificas e os produtores de laticínios  americanos que recebem muitos incentivos do governo e sabe-se lá quantas outras vantagens. Novamente o lucro acima de qualquer coisa. Logicamente outros fatores estão associados e devem ser igualmente analisados. E ai entra o consumo de carne igualmente comprometido com os hormônios utilizados pra “engordar” o gado. Tem também a contaminação da dioxina, aquela relacionada aos plásticos e amendoins. Nada de microondas ou vasilhas plásticas pra armazenar comida ou líquidos... Água agora somente em cantil. Onde vamos parar ou melhor o que vamos comer?? Será que tem alguém fazendo pesquisa do tipo incorporar DNA de planta pra começar a produzir clorofila? Não seria este o caminho pra se alimentar de luz? Aprender a fazer fotossíntese. Seria fantástico além de ecologicamente correto.... Quando lembro sobre várias fantasias onde os marcianos eram seres verdes, penso que na verdade tratava-se de uma idéia visionaria de um futuro pra preservação da raça humana. Do jeito que vamos está realmente muito ruim. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Bem seguindo esta linha achei outra pesquisa que alerta pro fato de que a baixa exposição solar leva a baixos níveis de vitamina D. Isto explica em parte porque as mulheres do hemisfério norte tem maior incidência de Ca de mama. A vitamina D em níveis  adequados apresenta  ação protetora contra alguns tipos de câncer como o de mama. Eis aí mais um motivo pra querer se alimentar de luz. Por enquanto vou buscar outros recursos, menos leite e carne na dieta, nada de plástico misturado a comida, mais sol pra ajustar meus níveis de vitamina D e por fim me alimentar plenamente da LUZ disponível em Jesus.

“Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12).

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Quem roubou o meu queijo

Abri a um tempo atrás um email com o titulo leite de vaca e câncer de mama. Tudo bem colocado em uma apresentação de Power Point mostrando uma forte relação entre o consumo de leite e derivados e casos de câncer de mama. Como circula muita besteira na internet e como se tratava de assunto de meu interesse, resolvi fazer uma pesquisa sobre o tema. Tratava-se do relato e pesquisa da Dra Jane Plant PhD em geoquímica e pesquisadora inglesa. Por A mais B, ela concluiu que existe uma forte evidencia associando o consumo de leite e derivados ao câncer de mama e próstata. A partir de “seus achados” escreveu cinco livros, um deles com o título de Programa Plant que orienta a dieta para se evitar e tratar o Ca de mama. Concordo com ela quando afirma que leite somente é necessário no inicio da vida e que sem duvida nenhuma o leite de vaca é bom mesmo pro bezerro. Para nossos bebes humanos o adequado é o leite materno. Como pediatra repito esta ladainha pra varias mães. Porém quando penso no queijo, manteiga, yogurte e coisas semelhantes não tenho muita restrição. Li o primeiro livro da professora Plant e não me convenci. Pode ser que esteja apenas resistindo. Como imaginar a macarronada de domingo sem o queijo ralado, como dispensar por completo a pizza, o sorvete, bolo, pão com manteiga.....Que dureza! Peço pra que ela esteja errada, ou pelo menos levemente equivocada. Isso já seria bom o bastante. Quando resolvi consumir alimentos mais naturais e ricos em antioxidantes estava convencida de que não seria tão difícil. Li e gostei muito do livro Anticancer e de suas explicações. O que dizer do livro da professora Plant. Primeiro não esta disponível em português, comecei pelo A tua vida em tuas mãos que encomendei pela Amazon. Já falei que não curto muito livro de auto ajuda, pois este era bem do tipo. Alem do mais a prof. Plant passou muito tempo falando de si mesma, seus títulos e sua capacidade mental de QI superior. Pode ter sido somente implicância minha mas....E apesar das inúmeras referencias e de uma relação da substancia IGF1 presente no leite ser estimulante de crescimento celular, ainda não me entreguei. Fui salteando as páginas em busca de mais sustância, hahaha.
Não achei nada em outros sites sobre a pesquisa da Prof.  Plant. Pesquisa esta bem diversa daquelas que usamos em Medicina. Ela também, em alguns trechos do livro, mete a boca descaradamente nos médicos. Será que me doí por isso! Tem também uma parte em que ela se coloca ameaçadora, onde relata que aquelas mulheres que não seguiram sua orientação tiveram recaídas ou morreram. Concordo que a gente come coisa que não deve e principalmente não precisa. Que na China as mulheres tem menos Ca de mama e quase não ingerem leite. Mas porque não pensar que outras coisas podem estar agindo ao mesmo tempo. Vai saber se a diferença não se deve ao fato de se comer pato laqueado ou mesmo escorpião frito. O simplesmente as chinesas possuem um Q genetico que esta lá por gerações protegendo-as deste mal. Tenho que admitir que toda este revolta se deve ao fato de que tem gente metendo a mão no meu queijo. Pensando melhor acho que vou dar outra chance pra Prof. Plant e ler com atenção seu livro e refletir sobre seus achados. Já  diminui muitas das besteiras alimentares e vou tentar novamente o tofu e o chá verde. Darei um tempo pro leite de vaca e buscarei alternativas gostosas com receitas a base de leite de soja. Caso alguém tenha alguma receitinha boa me envie.



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Amazona - A Guerreira Interior

Elas eram as integrantes duma antiga nação de guerreiras, alguns relatos mencionam guerreiras que removiam um dos seios para melhor utilização do arco e flecha durante as guerras. Eram vistas como grandes oponentes nos campos de batalha. Corajosas e destemidas enfrentavam seus desafios e impunham respeito e temor sob seus adversários. Hoje o campo de batalha é outro e as guerreiras da atualidade tem um ou os dois seios removidos (mastectomizados), algumas vezes apenas parte do seio é retirada. Entretanto sofrem esta mutilação por outra causa: precisam vencer a luta contra o câncer mamário. É preciso deixar claro que o procedimento cirúrgico faz parte do tratamento do câncer de mama. A retirada de parte do seio ou  sua totalidade é  baseada no tipo de câncer, tamanho do tumor e  localização. Outros tratamentos estão em estudo e quem sabe no futuro a cirurgia e sua conseqüente mutilação da figura feminina venha a ser coisa do passado. Acredito que qualquer um consiga imaginar a angustia que envolve este tratamento. Mexe diretamente com a autoestima  feminina, uma vez que o seio desempenha um importante papel na identidade sexual da mulher. Felizmente existem recursos pra se trabalhar a estética da coisa, arruma daqui, silicone pra lá e um  seio novinho em folha vem preencher o que nos foi retirado. Resta trabalhar a cabeça pra lidar com estas mudanças que em conjunto querem roubar nossa feminilidade. Logicamente que em primeiro lugar quero continuar viva, e como guerreira amazona abro mão dos peitos por um bem melhor.....Então vamos entrar na faca, mas antes é preciso tirar TODAS as dúvidas com seu médico, perguntar sobre os procedimentos e seus tempos, como e quando fazer a cirurgia reparadora, sobre o uso de prótese de silicone, as possíveis complicações, as cicatrizes e como ficará o resultado estético final. De preferência vá acompanhada, é muita informação e por causa do stress é bem provável que escute sem realmente entender todo processo que terá pela frente. Pra muita gente basta a palavra cirurgia e ai.......Puff, desconecta do resto. Comigo aconteceu de iniciar o tratamento com a quimioterapia e a programação cirúrgica posterior era bem clara, a temida mastectomia radical, só me faltava mesmo começar a treinar com o arco e flecha. Porém a resposta a quimioterapia foi muito boa e novas possibilidades se abriram no horizonte.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cabelo de grama

Alguém se lembra daqueles bonecos que vinham com semente de grama na cabeça, bastava regar e uma cabeleira verde crescia sem fim? Não acredito que tenham feito muito sucesso. Não eram muito bonitos, se não fosse pelo seu apelo ecológico seriam um completo desastre. Pelo menos eu não lembro de ter visto muitos por ai. Pois agora eu me sinto um deste com os cabelos espetados no topo da cabeça,  graças a Deus não são verdes. Procurei informações sobre os cabelos apos a quimio, são muito os relatos de eles voltam brancos e encaracolados. Não sei bem o que esperar, sempre tive muito cabelo, alguns brancos mas todos devidamente tingidos com ruivo básico. Encaracolados também sempre foram, muito fáceis de ajeitar com o secador ou com a chapa. Porém línguas maldosas me avisaram que o cabelo volta rebelde e mais crespo e só me resta esperar um modelinho tipo Paulinho da Viola como citado pela Mirela no Força na Peruca. Isso será o fim da picada.....A sensação que tenho ao passar a mão é de um cabelinho de bebe, macio e bem fininho. Ainda não deu pra perceber outras características, mas ainda não tenho aquela abundancia toda. Da sobrancelha nenhum sinal de recuperação, ainda estou disfarçando com sombra ou tatuagem de henna. Os cílios que caíram quase em sua totalidade, também não reagiram, vou tentar os postiços. Mas para eventos mais especiais me resta fazer mais uma tentativa com a peruca, agora tenho um material de qualidade, minha cunhada cortou sua longa madeixa e me deu pra fazer uma peruca que poderei usar em situações especiais até meus cabelos ficarem fortes e definidos. Por fim esta historia toda do cabelo não é assim tão traumática. Dá pra administrar , basta manter o senso de humor e usar de criatividade. 

sábado, 30 de janeiro de 2010

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A última quimio

Decididamente tenho que festejar,  dia 18 de janeiro recebi minha última sessão de quimio.  Na tarde daquela segunda feira, fui toda animada para a clínica, sorriso aberto e uma enorme sensação de alivio, afinal apos 6 meses de muito trabalho duro, uma parte importante do tratamento chegara ao seu final. Aquela mesma quimio que me derrubou de inicio que nem caminhão de lixo,  virou coisa do passado. Confesso  que as sessões que  se seguiram a primeira  e desastrosa quimio branca foram menos complicadas. Mas todo o processo é chato, mesmo que os efeitos colaterais se apresentem com menor intensidade. Mas a tão esperada ultima sessão não quis passar em branco, menos intensa que a primeira sem duvida mas tava la o  desconforto com a boca, a falta de apetite e as dores no corpo me acompanharam por mais uma semana. Felizmente estava em uso do granulokine pra segurar as minhas células brancas. Apresentei um discreto aumento de temperatura que cedeu espontaneamente mas me deixou tensa por 2 dias. Chega também de corticóide .... A quimio branca (docetaxel no meu caso) é uma medicação que pode causar reação de hipersensibilidade.  Por este motivo são necessárias altas doses de corticóide antes e durante a aplicação pra se evitar  possíveis e indesejáveis reações alérgicas. Isto acaba resultando em inchaço por retenção de sal e água, mal humor, insônia e vermelhidão no rosto. O rosto se acende em flashs durante alguns períodos do dia e é acompanhado por calor e ressecamento da pele. Meu médico disse que era pra parecer com Papai Noel e combinar com o Natal (mas agora já estamos em janeiro...). Outra chatice, não sei por que razão, é o intestino preso. Posso dizer que nos primeiros dias ficava que nem rainha sentadinha no trono pensando na vida e aguardando.....  Faço de tudo para facilitar este processo que considero o inicio da desintoxicação. A começar  tomar muita água, comer fibras e abusar da linhaça.  Pra tudo isso conto com os paparicos da minha mãe que cuida da minha alimentação com extremada dedicação.  Não faltam receitas novas, temperos exóticos e potentes antioxidantes que auxiliam no tratamento e ajudam o corpo a entrar numa sintonia mais adequada. Como disse em postagens anteriores o ganho de peso é um fantasma a mais que ronda o tratamento do câncer de mama. Neste quesito venho me mantendo bem, e assim que for liberada  volto pra academia para trabalhar os músculos que derreteram em decorrência das medicações e falta de uso. Melhor de tudo é poder fazer planos para retomar a vida. O comando da minha vida esta nas mãos de Deus, mas faço meus planos e me alegro com eles, com serenidade aceito as mudanças que forem necessárias. Desta forma o fardo ficou mais leve.  “Tudo posso naquele que me fortalece.”  Agora aguardar a serie de exames pra programar a cirurgia, tópico que abordarei na futura postagem com o título de a Amazona.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Discutindo a relação: Médico e paciente.

DISCUTIR: defender ou impugnar (assunto controvertido); questionar.
RELAÇÃO: comparação entre duas quantidades mensuráveis.             (Aurélio)                                                                        

A relação médico-paciente é parte fundamental do tratamento. No bem humorado livro Força na Peruca a autora avisa para escolher um médico não  muito velho pois o tratamento é longo, o seguimento chega a ser de 10 anos. E no caso de não haver uma boa sintonia com relação a seu médico, busque  outro profissional. Logicamente buscamos médicos conceituados, atualizados na área, que transmitem segurança com relação ao tratamento. Porém neste momento de fragilidade extrema, sensibilidade, bom senso, capacidade de expor a situação em linguagem simples, e como será o tratamento e suas conseqüências  são tópicos imprescindíveis. O grande problema acaba sendo o de lidar com pacientes em frangalhos e cheios de duvidas sem um treinamento adequado. infelizmente este treinamento não se aprende nas escolas de medicina. Apesar da maior atenção com relação a este tema, ainda falta chão pra que as escolas efetivamente ensinem o profissional a estabelecer uma boa relação com seu paciente. Relação esta que deve focar simpatia, acolhimento, confiança, segurança e apoio. A expressão de gestos que simbolizem agradecimento, carinho e afeto são igualmente importante.
Porém como disponibilizar tamanha atenção mediante o sucateamento da consulta médica. Com honorários baixos, o médico também se vê refém de um sistema desumano, mas uns conseguem se destacar. Tenho que admitir que muitos se empenham e fazem mais do que podem. Mas...
Bem quanto a mim não tenho reclamações, me senti acolhida de imediato, mas isso não significa que não pintaram pequenos atritos por assim dizer. No papel de paciente o médico é conhecido como difícil, o mesmo ocorre com a enfermeira e outros profissionais da área...
Isto tão somente reflete uma leve disputa por poder. Deixa explicar melhor. Quando a gente vira paciente, deixa de ser médico e ai lá se vai o poder....Diante da doença nos descobrimos vulneraveis e a deriva mesmo com anos de pratica por estes oceanos. Um outro profissional, mesmo que escolhido com o coração passa a ser o responsável pelos exames, remédios, e tudo o mais que nos é tão corriqueiro. Somos na maioria das vezes questionadores e um tanto quanto chatos quanto as informacoes. Somente perdemos pros gugueiros de plantão que pinçam informações na internet (do Google),  muitas de fontes não muito boas e querem discutir isso e aquilo sem muita solidez. Mas esta discussão faz parte e lidar com ela é o grande desafio. Entender o medo, a angustia que se escondem atrás das perguntas... Pois veja o que aconteceu comigo. No começo tambem fiz minha busca. Inicialmente pesquisei sobre como falar com as pessoas próximas, sobre reações da quimio pois não lido com isso e o que lembrava estava em muito desatualizado. Pesquisei também sobre como utilizar o portocath que foi útil e o mais deixei pros meus médicos decidirem. Evitei o maximo o papel de vitima que nem de perto me cai bem. Tudo tranqüilo até que fui internada.... No Hospital, mais destituída do meu poder, frágil e amedrontada, o bicho pegou e posso dizer que me meti demais. Mas eu sou a pessoa mais interessada em que tudo corra bem, então não dá pra simplesmente fechar os olhos. Diante de uma duvida fui questionadora, quanto a medicações queria saber de tudo e acabei mais chata do que queria. A prescrição inicial foi orientada pelo oncologista mas muitos itens foram solicitados pelo médico do PS que não tinha uma avaliação completa do meu caso. Como meu oncologista trabalha em São Paulo e Campinas, outro da equipe veio me ver no dia seguinte. Foi logo me avisando com delicadeza, que eu era o paciente e não o médico. Entendi que estava avançando no campo alheio pela disputa de poder. Me desculpei e respondi que não era minha intenção interferir com a conduta oncologica proposta e que simplesmente não estava de acordo com pequenas coisas, como medicação pra dor quando não estava com dor, ou pra enjôo que não estava sentindo. Pra mim isso significava mais manipulação do meu cateter central. Lá no Canadá todo mundo entende e funciona assim, aqui na luta pelo poder, o médico responsável pode se sentir ameaçado e  aí o atrito pode ir pra outro nível. Felizmente não foi o que aconteceu, depois de tudo esclarecido, expliquei meu medo pela contaminação do portocath e apos uma nova avaliação clínica chegamos a um bom termo. Esta maturidade somente e possível com entrega e um  dialogo franco. Não podemos esperar que o médico acerte sempre, esperamos que ele de o seu melhor. Temos que respeitar seu limites físicos, horas mal dormidas, família pra cuidar e  outras tantas preocupações. Mas não é assim que se constroem relacionamentos? E preciso achar o espaço pra que a esta relação seja de parceria, sem vitimas e/ou senhores detentores do saber supremo.
Agradeço aqui aos meus médicos queridos, Marcelo, Flavio e Cabello pelo carinho e acolhimento e por trabalharem muito bem nossa relação.





segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Se o olhos são as janelas da alma, as sobrancelhas são definitivamente sua moldura.


É incrível como a ausência da sobrancelha faz diferença. Quando a testa se estende até a nuca num tom róseo  tedioso como ocorreu comigo a confusão  fica grande. O que nos resta fazer pra corrigir esta falha que insiste em aparecer na hora em quase todos os pelos caem em protesto a quimioterapia……Descobri a duras penas que a sobrancelha exerce importante função  em manter a expressão  facial equilibrada e que por este motivo já existe SPA especializado em sua manutenção. Tudo pra que  desafortunados como eu melhorem a expressão  do rosto. Os recursos existentes são  bem variados e pra vários  bolsos, como o velho e bom lápis que exige destreza no traçado. Um pouco de sombra também pode fazer bonito. Não sei porque demorei tanto tempo pra buscar uma solução. Hoje vejo que muito da carinha de doente se deveu ao fato de não ter investido muito nos limites e definições que o traços faciais podiam fazer por mim. Por fim me aventurei no design com henna. A tintura dura cerca de uma semana, podendo ser mais ou menos tempo de acordo com a oleosidade da pele ou uso de produtos na região. Inicialmente usei um castanho bem fraquinho, de tão fraco sumiu em três dia. Depois uma castanho médio, com o qual me assustei no primeiro dia. Apos o susto constatei que a tatuagem me custou  uma depilação não planejada (os pelinhos mais frágeis que sobreviviam a duras penas saíram com a retirada da henna),  mas por fim o disfarce foi efetivo e duradouro.  Com os cabelinhos da cabeça em 3 mm, me aventurei sair sem proteção pra careca em diversas situações. Cabeça e rosto mais definidos, tratamento nos finalmente, sem lenço e documento, que sensação boa de liberdade. Interessante ver como a vaidade nos atinge em fases e formas diferentes. Nos diferentes blogs, as preferências são diversas ao passar  por  esta fase, sem duvida todas muito corajosas. Tem aquelas que vão de peruca ate o fim, mesmo com o efeito do superaquecimento global não tem cabeça quente que as impeça  de desfilar longas ou curta madeixas. Outras um tanto sofisticadas,  aprendem a usar os lenços com ares de musas de uma Hollywood antiga, as despojadas sem preocupações  maiores fazem uso de qualquer boné  (o da filha serve). E as incrivelmente corajosas desafiam os olhares mais curiosos com a cabeça nua e peito aberto. Pra mim acostumada a um chapéu e curtindo no inicio um friozinho do inverno brasileiro, optei pelo boné, gorro e afins. Com a chegada do verão e com uns poucos e ralos fios selecionei meus melhores brincos e fui a luta. Não faltou criança perguntando ou mostrando na rua a mulher careca (eu) como atração de circo. O fato é que cada uma segue seu caminho e não importa qual o estilo escolhido, o que importa é fazer de tudo pra se manter inteira .