terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Este poema de Drummond é de uma simplicidade e intensidade que choca.

Sempre adorei Drummond e pro meu momento atual tem tudo a ver.

Diante de uma dificuldade ou obstrução, são inúmeras as reações disponíveis de acordo com o momento. To falando difícil, relaxa, é o meu primeiro relato, ainda em fase de aquecimento.

Voltemos a pedra, o que fazer? Bem eu decidi sentar e conversar com ela. Tá bom, to forçando a barra, tenho uma confissão a fazer: meus amigos mais íntimos com certeza vão concordar, sou mais pro tipo dar um grande bico na pedra e simplesmente seguir em frente , não sem antes reclamar !!&@&& um bocado. Mas não dá pra fugir da fragilidade que nos cerca neste momento. O medo que invade o coração ......

Tenho 45 anos, sou médica e após uma temporada de 2 anos no Canadá retornei pra Campinas pra retomar a minha rotina. Pois ai as coisas tomam outro rumo. Com poucas semanas em casa recebi o diagnóstico de Câncer de Mama e vivi intensamente a toda a reviravolta que se segue a isto. O medo, a insegurança, a frustração .... Não que eu seja boca suja mas cabe aqui uma série de palavrinhas desagradáveis que vieram na cabeça mas que decidi deixar de fora do relato. Que tal a sinalização gráfica da coisa.?#$@!!!&. Difícil não ser melodramatica neste começo, mas já sinalizava uma reação.

Era um momento tão especial, retornando ao meu ap., comprando carro, resgatando uma identidade que tinha ficado meio em suspense por conta do projeto canadense.

Chorei um bocado, principalmente com os amigos mais próximos. Abri meu coração e deixei a Fé me preencher. Em todos os momentos desde a minha chegada ao Brasil o salmo de 23 estava presente e fez todo o sentido. Até na novela da 7 ele apareceu pra me encorajar e a tantas outras que viviam o mesmo diagnóstico. Com isso entendi que teria que passar por isso escolhi deixar as reclamações de lado e buscar o fortalecimento na minha relação com Deus, com a família, com os amigos, comigo mesma. Tenho que falar que conviver com a fatalidade é bem diferente de parar de lutar com ela. Desta forma, renovada, procurei me informar do que poderia fazer pra passar por esta fase da melhor maneira possível . Contei com uma mãe e filha maravilhosas, irmãos, cunhadas e sobrinhos fantásticos e amigos excepcionais. Tenho noção do quanto fui exigente do amor e atenção deles e eles simplesmente mostram o quanto minha imaginação ainda estava limitada pro tanto que eles tinham a me oferecer.

Meu médico também foi muito importante, seguro, tranqüilo e muito carinhoso me acolheu e iniciou o melhor tratamento pro meu caso. Sempre respondeu minhas questões de forma honesta e objetiva e imaginem como é difícil ter como paciente outro médico. Passei pelo estadiamento. Que fase dura, exames não cobertos pelo plano de saúde e muita insegurança. Acho que nesta hora passou pela minha cabeça chutar a pedra, mas ela era grande demais, e o estrago seria igualmente grande....

Um comentário:

  1. A diversidade de reações a este encontro com uma pedra no caminho inspirou alguns poetas a dizer: “O distraído nela tropeçou. O bruto a usou como projétil. O empreendedor, usando-a, construiu. O camponês cansado da lida, dela fez assento. Para meninos, foi brinquedo. Já Davi matou Golias, e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura". E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem! Não existe “pedra” no seu caminho que você não possa aproveitar para o seu próprio crescimento, para a aprendizagem de vida.
    comentario enviado por TIO Angelo. Valeu

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