Novamente o fato de ser médica não me ajudou em nada, tudo a kms de distancia da minha área de atuação. Procurei na internet relatos leigos sobre o assunto e fui conhecer o radioterapeuta que iria tomar conta de mim nesta ultima fase do tratamento. Já conto atualmente com 4 médicos a tomar conta de mim, uma verdadeira junta de profissionais extremamente qualificados....
A conversa foi tranqüila e fui fazer os exames pra marcação das áreas que seriam irradiadas. Estava ansiosa pra iniciar o tratamento, na verdade ansiava mesmo pelo fim dele considerando etapas vencidas. Na tomografia riscaram meu corpo e as marcas de canetinhas com desenhos desestruturados pareciam uma indecifrável tatuagem. Após 30 minutos em posição senti uma dor horrível no pescoço, tentei negociar sem sucesso e sai com parte do couro cabeludo e a orelha esquerda formigando. No dia seguinte fui realizar outra avaliação antes das sessões de irradiação para assegurar que as marcações estavam corretas. Novamente no posicionamento a dor no pescoço. Passados alguns minutos não conseguia mais pensar e uma irritação tremenda foi me tomando juntamente com o formigamento de parte da cabeça. Algo parecia muito errado. Reclamei com os técnicos e tive que ouvir a ladainha de que era assim mesmo, um desconforto e nada mais. Incrível como as pessoas subestimam o que os outros sentem. Pimenta no olho do outro é tão somente refresco. Sai de lá chorando e emputecida diante da minha impotência. Por mais que não quisesse incomodar o radioterapeuta com uma possível bobagem, já que ninguém jamais se sentiu tão mal, precisava falar sobre a dor que senti e ver o que poderia ser feito. Imagino que no primeiro dia da marcação, o meu pescoço ficou em posição de hiperextensao por um tempo longo, pode ser que ter comprimido estruturas do pescoço de forma inadequada. Como ficar numa posição que me causava uma dor horrível durante 25 dias. Ia ser um tormento.... Felizmente meu médico não só me ouviu como se prontificou em me posicionar para o tratamento que iniciaria apos o final de semana. Nada de pescoço super esticado como girafa se alimentando e pronto, nada de dor horrorosa. Por fim fica o recado, já é uma barra ter que passar por todo o tratamento, não quero ouvir que é assim mesmo, de quem nunca passou por coisa semelhante, se não estou me sentindo segura e confortável vou compartilhar e esclarecer as coisas. E assim dei as mãos a Madame Curie e iniciei a radioterapia.
Meu contato com ela se deu através de meu pai ao me dar sua biografia para ler. Na época eu tinha uns 12 anos, ainda morava em Santarém, e ele tinha me pego lendo fotonovela q era comum naquela época e lugar. Agradeço a Deus o pai que tive.
ResponderExcluirOBS! Batendo perna em Paris me deparei com um Museu dedicado a ela. Imediatamente me senti junto ao meu pai.
Soraya